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(Neo)Conservadorismo e Serviço Social


Conservador é aquele que projeta e organiza ações que visam manter uma suposta estabilidade, conservando o conjunto de relações sociais bem como costumes que se projetam, na fala conservadora, como algo já estabelecido e “natural”. Como algo importante para o corpo social e que “sustentaria” a sociedade, portanto, imprescindível a sua própria existência. Claro que se trata de uma argumentação muito a-histórica e a-crítica, a tal ponto que quando testada tende a fracassar em suas respostas, pois simplifica e traduz de maneira incompleta a própria realidade.

A questão por trás do conservadorismo, a que me refiro nessa análise, importa a todos aqueles que se filiam a um projeto alternativo de sociedade, e que se organizam politicamente para se contrapor ao que os neo conservadores impõe como vital: a manutenção dos pressupostos liberais e neoliberais organizados sobre a sociabilidade capitalista.

Certamente, enquanto análise pessoal, esse texto reflete meu posicionamento político, que fica desde o começo aliado ao discurso crítico contra o conservadorismo e suas crias antidemocráticas. E embora tenha surgido de um debate de sala de aula, é meu desejo contestar esse posicionamento político em suas raízes, o que tem a ver com o cotidiano enquanto ser social que trabalha em um centro de formação em Serviço Social.

Assim, não é possível calar frente a essa situação de enfrentamento, onde não só o projeto ético político é comprometido já na etapa da formação profissional, mas como dentro do próprio Serviço Social parecem surgir dúvidas quanto a necessidade em se questionar a sociabilidade capitalista, bem como dificuldades em se defender vias de transformação aos pressupostos antagônicos e antipopulares do capitalismo. E não apenas por alunos, mas por professores também!

Certamente, uma questão importante a ser analisada nessa conjuntura é que o conservadorismo não é um fenômeno isolado no Serviço Social, haja visto que nos últimos protestos contra “lula-PT-Dilma” imagens ligadas ao que há de mais retrógrado e perverso foram mostradas a exaustão, com cidadãos defendendo inclusive a volta da Monarquia!

Nessa mesma levada, só posso declarar minha total preocupação em ter que levar essa discussão, já amadurecida por pesquisadoras como Maria Lucia Barroco, Josiane Soares Santos, etc, para debater com gente que não só defende o Liberalismo clássico e seus autores, mas que levantam o Absolutismo como algo “pitorescamente” atraente.

A questão por trás dessa análise é muito superior a preferência meramente “literária”, influi nos destinos da categoria formada por Assistentes Sociais, e devemos portanto, ampliar e continuar esse debate, pois a prática é o critério da verdade. Dessa forma, apresentar o perfil antidemocrático de tais correntes conservadoras deve ser tarefa de quem compartilha de uma visão crítica e socialmente comprometida para a categoria e para com o mundo do trabalho.

E não estou sugerindo nada de muito estrambólico, pois, muitas vezes, essa “confusão teórica” pode ser elucidada em um debate público, que se estabeleça de forma democrática e coletiva. Exatamente o oposto ao que propõe o neoliberalismo, com sua visão mercadológica e privatizante de compreensão sócio-histórica. Defendo aqui o dialogo franco em que a exposição de ideias estabeleça por meio das próprias contradições discursivas, quem se posiciona a favor da transformação e quem defende a continuação dessa ordem estabelecida pela exploração do homem pelo homem.

Basta trazer o debate para a temática da desigualdade social e da pobreza (enquanto acirramento da relação desigual entre produção e apropriação da riqueza socialmente produzida), que a visão neo conservadora não será capaz de fornecer outra explicação, fora a “naturalização” da questão social como algo relacionado a própria imperfeição humana ou mesmo a culpabilização do indivíduo por sua miséria.

Dessa forma, considero importante e evidente, que aos Assistentes Sociais comprometidos com a ampliação do sentido e da existência do Projeto Ético Político cabe sustentar e avançar no debate do neo conservadorismo, que avança não apenas nos protestos de rua que defendem a “volta da ditadura”, mas enquanto hoste que se organiza e que toma fôlego em nosso meio, muitas vezes graças a falta de organização do debate nessa temática. 


Jonas Freitas (Assistente Social e Professor do Curso de Serviço Social da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ)

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